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Impostos brecam investimento no País

Guarulhos, 10 de abril de 2002

O potencial de crescimento do mercado e o tamanho da economia nacional são os dois fatores que mais estimulam o investimento no setor produtivo do País. No outro extremo, a alta carga tributária e o custo Brasil continuam afugentando o ingresso de novos recursos. Essas são as conclusões centrais do estudo “Os principais fatores que estimulam e que desestimulam os investimentos produtivos no Brasil”, divulgado ontem pelo Comitê de Investimentos da Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham). Foram entrevistados para o levantamento 132 empresários de oito comitês diferentes da entidade. No ano passado, as empresas instaladas no Brasil pretendiam investir no mercado brasileiro entre US$ 150 bilhões e US$ 160 bilhões. “Os números são respeitáveis e devem ser realizados no médio e longo prazo”, afirmou o presidente da Simonsen Associados – empresa que elabora o estudo -, Harry Simonsen.

Maior peso – Na pesquisa de 2002, as questões econômicas aparecem como o principal item avaliados pelos investidores, com 45% das respostas. A participação desse item no total, porém, diminuiu. Na pesquisa anterior, de 2000, os fatores econômicos preocupavam 50% dos entrevistados; em 1999, o porcentual chegava a 78%. Os fatores políticos ficaram em segundo lugar no estudo divulgado ontem, com 32%. Em seguida, vieram as questões sociais (18%) e recursos naturais (5%). Na pesquisa de 2000, os fatores sociais participavam com apenas 10% e, na anterior, nem eram citados entre as dez razões mais votadas. Entre os fatores que desestimulam os investimentos, aparecem em primeiro lugar os políticos, com 50%, seguido dos econômicos (36%) e dos sociais (14%).

Rejeição antiga – Os impostos e o custo Brasil já eram apontados desde 1999 como fatores “repelentes” de investimentos no País. O custo Brasil – conjunto de gastos e exigências com os quais arcam as empresas que operam no Brasil – apareceu em segundo lugar nas três séries da pesquisa. A entidade concluiu levantamentos do gênero em 1999, 2000 e 2002. “Para receber mais investimentos produtivos, o Brasil precisa reduzir a quantidade de impostos e realizar as reformas trabalhista, tributária e previdenciária”, afirmou o consultor da PriceWatherhouseCoopers José Cotrim. A corrupção surge em terceiro lugar entre os fatores negativos. No primeiro estudo, em 1999, ela estava em quinto lugar e, em 2000, em quarto. Para o analista do Banco América do Sul, Ronaldo Magalhães, esse resultado não quer dizer que a corrupção seja maior hoje. “Possivelmente, ela está no mesmo nível da registrada no governo (do presidente José) Sarney, há 12 anos. O que acontece é que hoje os meios de comunicação denunciam”.

Violência – A preocupação dos empresários em relação à violência urbana também aumentou. As questões ligadas ao aumento da criminalidade, da insegurança e dos sequestros, que ficaram em nono lugar no ranking dos pontos negativos em 2000, subiram para o quinto lugar na última pesquisa. Outro item que passou a fazer parte da agenda urgente do empresariado é a disponibilidade interna de energia. Esse fator, que hoje ocupa a segunda colocação do ranking de fatores que mais pesam positivamente na decisão dos investimentos, no estudo anterior estava no 11º lugar. Segundo Simonsen, nesse caso há duas leituras. “Ou os empresários estão querendo dizer que há energia disponível, ou estão ponderando: “se houver energia, eu invisto”. Vale destacar ainda que em sétimo lugar de importância surge o fator país pacífico. Esse quesito aparecia em 11º lugar em 2000 e 20º lugar em 1999. “É um fator que começa a rarear e, por isso, ganha importância”, diz Simonsen.

Teresinha Matos