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Investimentos em energia triplicam até o ano de 2004

Guarulhos, 28 de março de 2002

O Brasil poderá acrescentar 22 mil megawatts (MW) ao sistema de geração de energia elétrica entre 2002 e 2004, de acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib). O volume de investimentos necessários para a implementação dos projetos identificados pela pesquisa realizada entre as indústrias do setor é de R$ 39,1 bilhões, aproximadamente R$ 13 bilhões em média por ano.

Os 22 mil MW estimados pela ABDIB equivalem a duas vezes a potência da usina de Itaipu, a maior do mundo.

Os recursos necessários são praticamente três vezes superiores à média de investimentos dos últimos anos, ou seja, de R$ 4,8 bilhões por ano.

Os número da Abdib, no entanto, não coincidem com as projeções do governo, divulgadas em fevereiro pelo Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP), diretamente ligado ao gabinete do ministro das Minas e Energia.

De acordo com o EGP, entre 2001 e 2004 devem ser acrescidos 28 mil MW ao sistema, e entre 2002 e 2004 a estimativa indica 25 mil MW, 3 mil MW a mais que a estimativa da ABDIB. E a projeção de investimentos feita pelo governo para o período entre 2001 e 2004 é de US$ 43,4 bilhões. Com o acréscimo projetado pela Abdib, o sistema brasileiro saltaria dos atuais 75,4 mil MW para 97,4 mil MW de potência nos próximos três anos. Isso tornaria o parque de geração do Brasil o quarto maior do mundo, perdendo somente para o dos Estados Unidos (900 mil MW), da Alemanha (115 mil MW) e da França (110 mil MW).

Cerca de 75% dos recursos a serem aplicados na área de geração deverão vir da iniciativa privada, um volume de R$ 29,3 bilhões, segundo a Abdib.

Em comunicado distriubído ontem, a Abdib afirma que há barreiras sérias para o salto que o Brasil precisa dar na área elétrica. Os três maiores impeditivos são: o aperfeiçoamento do arcabouço legal que garanta a segurança jurídica dos contratos, a decisão rápida e implementação imediata do conjunto de propostas, ainda em discussão, apresentado pelo comitê de Revitalização da Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGE), com o objetivo de criar um efetivo mercado de energia elétrica no Brasil e a garantia da remuneração em padrões internacionais ao capital investido.

O estudo da Abdib aponta a entrada em operação de 24 hidrelétricas, que deverão movimentar R$ 19,9 bilhões e gerar 9,2 mil MW. As termelétricas somam 25 empreendimentos no valor de R$ 15,3 bilhões e uma potência de 9,2 mil MW.

Segundo o levantamento, somente dois projetos de importação de energia deverão ser concretizados no período, quando serão investidos R$ 998 milhões para trazer 1,2 mil MW.

Há, ainda, 135 projetos de pequeno porte que deverão gerar 2,3 mil MW e consumir R$ 2,9 bilhões.