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Empresas brasileiras não perdem com restrições européias

Guarulhos, 26 de março de 2002

O limite de 11 milhões de toneladas para as importações de aço imposto pela União Européia não chegarão a prejudicar as vendas do Brasil para a região. Segundo analistas de mercado, apenas três dos 14 produtos que constam da lista de restrições são exportados por empresas brasileiras: folha de flandres, barras e perfis de aço com ligas. Além disso, eles representam muito pouco nos ganhos da indústria local, como Aços Villares, cujas ações não são cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

A venda de folha de flandres, por exemplo, representou apenas 3% da receita da CSN até setembro de 2001, de acordo com o balanço da empresa. Segundo o analista de siderurgia do ABN Asset Management, Ricardo Maeji, a empresa não deverá perder com as restrições da UE, já que poderá redirecionar esta venda, de 80 mil toneladas, para o mercado americano. O produto não está incluído na lista de itens brasileiros que foram sobretaxados pelo país.

Inferno astral – Esta é a segunda vez que o Brasil dá com a cara na porta do mercado internacional em menos de um mês. No início de março, os Estados Unidos divulgaram cotas e tarifas para uma lista de produtos derivados do aço. As medidas poderão ser revistas até julho, mas, se ainda não afetam as vendas do Brasil para os EUA, jogam água nos planos de expansão de empresas nacionais.

É o caso da Cosipa, controlada pela Usiminas. A analista de siderurgia da BES Securities Cristiane Viana lembra que a empresa investiu pesado no aumento de sua capacidade instalada e pretendia colocar 1 milhão de toneladas de placas no mercado este ano. Sessenta por cento desse montante, conta Cristiane, seriam destinados aos Estados Unidos.

A CSN também poderá deixar de ganhar com as restrições. A empresa comprou a americana Heartsteel no ano passado, com o intuito de exportar placas que seriam laminadas no país. Até agora, não se sabe até que ponto a decisão americana poderá afetar seu projeto.

Boas perspectivas – Nem tudo são lágrimas para investidores que decidiram apostar no setor. Apesar de as ações da CSN mostrarem pouco ou nenhum espaço para ganhos, algumas siderúrgicas ainda têm boas chances de gerar lucros aos seus investidores este ano. A Gerdau e a Gerdau Metalúrgica, de acordo com cálculos de Cristiane Viana, poderão ter valorização de 10,71% e 60,1%, respectivamente, porque investiram na compra de empresas em regiões diversificadas do mundo, sendo pouco afetadas pelas restrições. Já as perspectivas de ganhos para a Usiminas são de 31,84%. A empresa tem apresentado resultados bons e deverá focar no pagamento das suas dívidas este ano.

Juliana Rangel