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Lojas de R$ 1,99 chamam a atenção das indústrias

Guarulhos, 22 de março de 2002

As indústrias de grande porte começam a perder o preconceito contra um nicho de mercado que até agora é abastecido por pequenas empresas. Assim, a Santa Marina, Wheaton do Brasil e Cisper, alguns dos maiores fabricantes de vidros no País, não só passaram a fornecer, como também estão desenvolvendo produtos específicos voltados para as chamadas lojas de R$ 1,99. Trata-se de um universo de 16,5 mil pontos de vendas, que faturam R$ 4, 5 bilhões por ano e empregam 100 mil pessoas.

“O foco deste tipo de negócio passa a mudar quando fabricantes de peso como a Santa Marina, Cisper e Wheaton participam de um evento como este, com produtos especiais para o segmento, endossando nosso potencial”, diz Eduardo Toldres, organizador da 4ª edição da “Feira R$ 1, 99 Brasil”, encerrada ontem no Expo Center Norte, em São Paulo, que contou com a participação de 300 expositores do setor.

“Nós desenvolvemos dez novos produtos especialmente para este nicho de mercado, entre copos, bandejas, travessas e xícaras”, conta Luiz Fernando Quartim Barbosa, gerente de vendas da Wheaton do Brasil Indústria e Comércio, um dos principais fabricantes desses produtos, que esteve presente no estande da Wheaton nos quatro dias de feira.

Uma loja de R$ 1, 99 vende de tudo: desde brinquedos, doces, salgadinhos, artigos para higiene pessoal, utilidades domésticas. Muitas vezes, esses produtos se encontram misturados a alguns lançamentos tradicionais do varejo principalmente do setor de brinquedos.

Eduardo Toldres esclarece que o setor tem crescido cerca de 12% ao ano e que a margem de lucro desse comércio chega, na média, a 30%, pois os lojistas compram dos fornecedores por preços que variam entre R$ 1, 40 e R$ 1, 60.

Ele afirma ser este um mercado em mutação, com o varejo se adaptando ao que o consumidor deseja: “quando abrimos as primeiras lojas, há sete anos, a grande faixa de consumo estava entre mulheres e crianças das classes C e D. Aos poucos fomos conquistando outros públicos e, hoje, nossos clientes também são da classe B, com uma forte tendência de conquistarmos a classe A”. O faturamento médio deste tipo de loja é de R$ 30 mil mensais.

No início, as lojas eram adaptações da Dollar Tree Store, dos Estados Unidos, maior cadeia mundial do ramo, que faturou US$ 1,9 bilhão em 2001. Naquele país, este modelo de loja existe há mais de 20 anos.

“Vendíamos, na época, produtos importados, mas com a crise do dólar, o setor teve que se abastecer em pontas de estoque, até que fomos descobrindo nossos próprios fornecedores, que não são os grandes fabricantes nacionais”.

Por esta razão, indústrias como a Santa Marina e a Cisper, grandes fabricantes de utensílios de vidro, nem sempre admitem publicamente que fornecem para lojas de R$ 1,99, mas mantêm na feira um estande, da Almix Distribuidora, sob a responsabilidade do gerente Múcio Galvão.

Celia Moreira