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Mais uma tarifa de energia nos planos do governo

Guarulhos, 20 de março de 2002

A Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE) estuda nove novas medidas do pacote de revitalização do setor elétrico, que serão agregadas às 33 já anunciadas em janeiro e fevereiro. De acordo com o secretário de Energia do Estado de São Paulo, Mauro Arce, que também é um dos coordenadores da GCE, uma das medidas em estudo é a adoção da “tarifa amarela” para os consumidores residencias. Ela é uma tarifa sazonal, que significará a cobrança de preços diferenciados para o consumo de energia nos horários de ponta (o período crítico de consumo de eletricidade entre 17h e 20h) e fora de ponta.

A tarifa sazonal já é adotada para a indústria, com a cobrança, pelo consumo de energia no horário de ponta, de preços até três vezes superiores ao estipulado pelo consumo em outros horários. A iniciativa contribuiu para o deslocamento do consumo para outros horários, reduzindo o risco de apagões por sobrecarga no horário de pico.

Normalmente, entre as 17h e as 20h, ocorre uma grande concentração do consumo de energia – é o horário em que há grande uso de chuveiros elétricos e eletrodomésticos nas residências, as luzes se acendem nos estabelecimentos comerciais, a iluminação pública começa a ser acionada, e havia ainda o consumo das indústrias.

Preocupação antiga dos técnicos do setor

Em meados da década de 90, logo após o Plano Real, técnicos do setor elétrico manifestaram preocupação com a escalada do consumo no horário de ponta, que se aproximou bastante da capacidade total de produção de energia do sistema. O temor era que ocorressem sobrecargas no sistema, que resultariam em apagões. Já naquela época, foi cogitada a adoção de tarifas sazonais para as residências. A iniciativa esbarrou, contudo, em dificuldades para realizar a medição do consumo diferenciado entre a ponta e outros horários.

Arce considera, contudo, que essa e as outras oito novas medidas de revitalização “não são questões oportunas para o momento”. O secretário paulista já havia questionado a preocupação da GCE com o consumo no horário de ponta nos próximos anos, tema de um relatório divulgado em fevereiro. “Em São Paulo, temos registrado picos de consumo à tarde”, disse. Ele acredita que os projetos de usinas hidrelétricas que entrarão em operação nos próximos anos serão suficientes para atender os picos de consumo na ponta.