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Bancos pequenos saem de cena com o novo SPB

Guarulhos, 18 de março de 2002

O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), que entra em operação em 22 de abril, já está provocando o cancelamento da carteira comercial e o conseqüente encerramento das contas de reserva de pequenos bancos no Banco Central. O J. Safra e o Tendência decidiram continuar operando apenas como bancos de investimento. O Theca deixou de ser banco comercial para transformar-se em financeira. Sem carteira comercial, eles não podem captar depósitos à vista.

Os bancos argumentam que, com o novo SPB, vai ficar mais caro movimentar e manter conta de reserva no BC – a característica que os diferencia de outros tipos de instituição financeira. Nos últimos oito meses, dez bancos pediram ao BC cancelamento da carteira comercial. Nem todos fizeram isso por causa do SPB. Ainda assim, o número é elevado, pois em todo o ano de 2000 e primeiro semestre de 2001 o BC recebeu apenas dois pedidos nesse sentido.

Com o SPB, as reservas bancárias passarão a ser movimentadas em tempo real ao longo do dia. Isso exige dos bancos com carteira comercial a adesão a um novo sistema padrão de transmissão de dados ao BC e de operação das reservas. Só o custo de manutenção da estrutura para operar dentro do Sistema de Transferência de Reservas (STR) é estimado em R$ 500 mil por ano. Pode parecer pouco para um banco, mas não para instituições cujo foco não está na captação de depósitos à vista e que, portanto, não precisam ter conta de reserva, explica José Ramon Portela Barreiro, diretor da Corretora Theca.

“Para o nosso banco, que não opera no varejo, o custo é muito alto”, diz Carlos Rocha, do J. Safra. Até agora, mesmo sem captar depósitos à vista, valia a pena ter carteira comercial porque o custo era baixo diante das vantagens de se ter conta de reserva bancária, explica Carlos Alberto Bueno, do Tendência.