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Maioria das empresas fecha cinco anos após abertura.

Guarulhos, 01 de novembro de 2001

Cerca de 71% das micro e pequenas empresas abertas no estado de São Paulo fecham depois de cinco anos de atividade. O índice de mortalidade é responsável pelo desemprego de 477 mil pessoas por ano e 5,3 milhões de trabalhadores no somatório da última década. O impacto na economia estadual é de R$ 5,2 bilhões que deixam de ser gerados todos os anos. De 1990 a 2000, a receita perdida foi de R$ 57 bilhões. Num universo de 1,4 milhão de empresas abertas entre 1990 e o ano passado, 985,5 mil fecharam as portas.

Apenas 22% dos novos empreendedores consultaram o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae) e 7% procuraram um consultor antes de entrar no segmento. Os números nada animadores são de um estudo realizado pelo Sebrae, que lançou ontem um programa de combate à mortalidade desses estabelecimentos. A iniciativa é reduzir o índice de quebra das empresas em 50% num período de dois anos. O programa anunciado ontem pelo Sebrae terá orçamento definido hoje durante reunião do Conselho Deliberativo da entidade. O programa de combate à mortalidade envolverá o apoio a três cadeias produtivas que, juntas, respondem por 50% das micro e pequenas empresas.

Os setores de construção civil, confecção e têxteis e alimentação devem ser contemplados. “Os pequenos empreendimentos são responsáveis por 67% dos empregos formais gerados em São Paulo, num total de 7,5 milhões de trabalhadores. As perdas para a economia local são muito grandes e esse processo tem que ser estancado”, diz o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Fábio Meirelles. O percentual de empreendimentos que fecham as portas um ano após a inauguração é de 32% dos novos negócios. A falência das empresas nem sempre é confirmada na Junta Comercial de São Paulo. Apenas 47% dos estabelecimentos dão baixa no local sobre o encerramento de suas atividades. As razões para a informalidade no fechamento são custo elevado (40% dos casos), esperança em reativar o negócio (32%), alta burocracia (15%) e outros motivos (13% do total).

A quebra da empresas tem origem na falta de planejamento prévio antes de abrir o negócio, cuidado que 54% dos empresários não tem. Nem mesmo a concorrência com as grandes redes de cada segmento é levada em conta na hora de investir. Uma média de 38% dos empreendedores não pesquisam os produtos e serviços oferecidos pelo mercado. “Na maioria das vezes o Sebrae é procurado para resolver problemas gerenciais graves”, explica Meirelles.

A situação da economia no Brasil e no mundo também é citada pelos empresários como fator de quebra dos negócios. Para 62% dos estabelecimentos, problemas como o desemprego, as altas taxas de juros e a inflação no início da década agravaram o desempenho de seus projetos. As principais áreas onde o Sebrae vai atuar para ajudar os micro e pequenos empresários são gestão de fluxo de caixa, foco nas necessidades do cliente e planejamento das atividades.