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Consulado procura 9 brasileiros desaparecidos.

Guarulhos, 13 de setembro de 2001

ReutersPelo menos nove brasileiros podem estar entre as vítimas do atentado aos prédios do World Trade Center. Três deles são: o administrador de empresas paulistano Ivan Kiryllos Barbosa, 30, a mineira Sandra Fajardo Smith e Anne Marie Ferreira Sallerin. Os desaparecidos estão sendo procurados pelo Consulado do Brasil em Nova York.

O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, informou que, até o fim da noite, 82 corpos foram retirados dos escombros. A identificação dos corpos deve demorar. Apenas nove pessoas foram resgatadas com vida.

O número de mortes confirmadas em todos os atentados de terça-feira (11), por enquanto, é de 348.

Giuliani, entretanto, reconhece que o número de mortes deve ficar na casa dos milhares, sem emitir previsões mais concretas.

Investigações

O sistema integrado de investigação dos atentados, que envolve mais de 7.000 homens do FBI, direciona cada vez mais suas suspeitas para o milionário saudita Osama bin Laden, o provável mentor dos ataques terroristas desta quarta-feira.

O FBI estima que o grupo que executou os atentados possuía cerca de 50 integrantes, incluindo os que morreram nos choques de aviões. O diretor do FBI, Robert Mueller, disse que alguns dos sequestradores responsáveis ataques já foram identificados.

Um carro abandonado por cinco árabes suspeitos em Boston foi encontrado com um manual de vôo escrito em árabeAcredita-se que sejam eles os sequestradores de um dos aviões dos ataques en Nova York.

Uma rádio de Paris noticiou hoje que a França passou informações aos EUA que poderiam ter evitado o atentado, mas o FBI não abriu inquérito para apurar. Em agosto, um argelino com diversos passaportes e manuais de vôo foi detido no aeroporto de Boston, e o serviço secreto francês avisou o FBI que sabia quem era o homem: um dos soldados de Bin Laden.

O ministro da Justiça norte-americano, John Ashcroft, informou que alguns dos terroristas fizeram curso de pilotagem dentro dos próprios EUA, no Sul da Flórida, onde agentes procuram obter mais informações.

O governo americano fez nessa noite um pedido formal para que a polícia da Índia mande toda a informação que tem sobre Bin Laden.

Os EUA pressionam agora o Afeganistão e Paquistão, prováveis países onde o terrorista internacional está escondido, para colaborar com as investigações. Os dois países, que temem sofrer ataques, já prometeram colaborar.

Terça à noite, Cabul (capital do Afeganistão) foi bombardeada. Os Estados Unidos negaram responsabilidade no ataque, ao mesmo tempo em que um grupo de oposição afegão assumiu sua autoria.

Autoridades da Alemanha prenderam um homem na cidade de Hamburgo por provável conexão com os atentados terroristas nos Estados Unidos.

A Casa Branca e o avião do presidente dos EUA, George W. Bush, Air Force One, também eram alvos dos ataques terroristas, segundo Gordon Johndroe, porta-voz oficial da Casa Branca.

O governo dos EUA afirmou que provas muito claras demonstram que os sequestradores tinham o objetivo de atingir esses dois alvos. Um deles seria o avião da United Airlines que caiu em Pittsburgh (Estado da Pensilvânia).

Alarme falso

A região do Empire State e da Penn Station, maior estação de trem e de metrô de Nova York, foi evacuada no final desta noite depois de uma ameaça de bomba. A região foi isolada para o tráfego de carros, e vários prédios residenciais também foram evacuados.

A polícia, com a ajuda de um cão farejador, localizou no 44º andar um pacote suspeito. A Penn Station fica a três quarteirões do Empire State, um dos prédios mais famosos de Nova York.

O pânico mundial provocado pelos atentados refletiu em diversas regiões dos EUA e outros países. As quatro pontes que atravessam a fronteira dos EUA com o México, na cidade de El Paso e Juarez, chegou a ser fechada por ameaça de bomba.

Na quarta-feira, uma das torres gêmeas da Malásia, as mais altas do mundo, também foi evacuada após falsa denúncia de bomba. Procedimeto igual foi tomado no aeroporto de Tel Aviv, em Israel.

Retaliação

O Congresso dos EUA aprovou por unanimidade no início da madrugada desta quinta-feira uma licença para que o exército norte-americano possa retaliar os atentados caso fique provado que os terroristas são acobertados pelo governo de algum país.

Bush pediu e receberá do Congresso norte-americano US$ 20 bilhões em fundos de emergência para lidar com as consequências dos ataques terroristas. O valor concedido supera em US$ 5 bilhões o solicitado por Bush.

O presidente dos EUA, George W. Bush, fez um pronunciamento no qual considerou os atos terroristas de ontem como “atos de guerra”. Ele afirmou que as operações adotadas pelo país a partir de agora serão “uma batalha monumental entre o bem e o mal”.

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, já havia afirmado que o governo responderia “como se estivesse em guerra”. Entrevistado pelo programa “Good Morning America”, da rede de TV ABC, Powell afirmou: “O povo norte-americano possui um entendimento claro de que isso é uma guerra. É assim que vemos isso. Não se pode encarar isso de outra forma, seja isso legalmente correto ou não”.

“Temos de responder a isso como se fosse uma guerra. Temos de responder com a noção de que isso não se resolverá com um contra-ataque simples contra um indivíduo. Será um conflito de longo prazo”, afirmou.

O secretário, no entanto, ressaltou que os EUA não lançariam, por enquanto, nenhuma operação militar e que o país não sabia ainda quem estava por trás dos ataques. “Estamos longe de selecionar qualquer alvo militar ou de decidir como atacar esses eventuais alvos. Temos de traçar uma estratégia”, disse.

Uma pesquisa do jornal “The Washington Post” e da rede de TV ABC revela que 94% dos americanos são favoráveis a represálias. De acordo com o levantamento, 84% dos entrevistados apóiam a retaliação militar contra qualquer país que tiver colaborado com as ações terroristas.

As Forças Armadas dos EUA estão em alerta máximo, dentro e fora do país. Navios, aviões e submarinos nucleares estão na costa de Nova York para proteger a cidade de eventuais ataques.

Sobreviventes

As possibilidades de se resgatar novos sobreviventes no World Trade Center ou no Pentágono diminuem a cada hora, devido à quantidade de escombros e ao tempo decorrido desde o ataque. Sobreviventes que estão sob os escombros das torres do WTC ligaram por telefone celular desesperados para parentes e para a polícia, pedindo socorro. Um empresário israelense preso nos escombros telefonou para um parente em Israel para pedir ajuda.

Informações não confirmadas apontam para mais de 10 mil mortos só em Nova York. O presidente George W. Bush falou ontem em “milhares de vidas”.

Os ataques

Os Estados Unidos foram alvo da maior série de atentados terroristas da história, que reduziram as torres gêmeas do World Trade Center a escombros e destruíram parte do Pentágono, sede do Ministério de Defesa do país. Os dois conjuntos de edifícios são símbolos do poderio econômico e militar dos EUA, respectivamente.

A tragédia começou na ilha de Manhattan, em Nova York, quando dois aviões tiveram sua rota desviada por terroristas e jogados contra as principais torres do WTC. Cada prédio tinha 110 andares, nos quais trabalhavam 50 mil pessoas [150 mil circulam nos seus arredores, diariamente]. Horas depois das explosões, as duas torres, cada uma com 417 metros de altura, desabaram sobre Manhattan.

Pouco antes do desabamento, as TVs norte-americanas mostravam pessoas acenando por socorro, com panos brancos, nas janelas. Também era possível ver pessoas se atirando dos prédios em chamas.

Outros suspeitos

Após as primeiras explosões, um grupo desconhecido [auto-intitulado Exército Vermelho do Japão] chegou a assumir a autoria dos ataques, mas aparentemente não foi levado a sério.

Durante a madrugada, um grupo de separatistas muçulmanos da Caxemira, baseado no Paquistão, reivindicou os atentados. Segundo o grupo radical Lashkar-i-Taiba, que luta contra a presença indiana na Caxemira, “o ataque foi realizado pelos Feddayin (comandos suicidas) dirigidos pelo comandante Abu Samama”.

O porta-voz da organização, Jalid Saif, afirma que “os ataques contra o World Trade Center e outros objetivos não foram um ato terroristas, mas um dever islâmico”. A reivindicação não pôde ser confirmada por uma fonte independente.

O jornal paquistanês “Khabrain” também publicou hoje uma reportagem na qual Bin Laden negaria a autoria do atentado. “A ação é de algum grupo americano. Não tenho nada a ver com isso”, teria dito Bin Laden ao jornal, por meio de fontes próximas ao Taleban (grupo que domina 95% do território do Afeganistão).

O jornal paquistanês segue linha editorial sensacionalista e não existem outras confirmações da informação.